ESBOÇO 900
TEMA: DÍZIMOS E OFERTAS, UMA DISCIPLINA
ABENÇOADORA.
TEXTO: MALAQUIAS
3:10
As Escrituras nos revelam que
desde os tempos mais remotos, os dízimos e as ofertas são uma prática dos que
servem a Deus. Entre tantos exemplos podemos citar o de Abel (Gn 4.1-5), que
ofereceu ao Senhor o que havia de mais excelente no seu rebanho. Lembremos
também do patriarca Abraão (Gn 14.20), ancestral de Israel, que entregou
dízimos a Melquisedeque. A partir destes eventos as contribuições passam a
fazer parte da estrutura de fé dos que servem a Deus e à sua igreja. Nesta
lição analisaremos biblicamente os dízimos, as ofertas e suas implicações na
vida do crente.
I - Tudo o que somos e temos vem de Deus
Deus é a única fonte de todo bem, podemos descrever da seguinte maneira:
1. Somos seus filhos: Todas as pessoas pertencem a Deus por direito de
criação (Sl 24.1). Nós cristãos, temos algo mais: Pertencemos à Deus por
criação, redenção, e adoção através da nossa fé em Jesus: “Mas a todos quantos
o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no
seu nome” (Jo 1.12).
2. Ele
nos dá todas as coisas: Na condição de filhos, Deus nos dá todas as
bênçãos espirituais de que precisamos (Ef 1.3; Fp 4.19; Tg 1.17) e também nos
confere as bênçãos materiais. No Pai Nosso, lemos: “O pão nosso de cada dia
dá-nos hoje” (Mt 11.6). Nos Salmos está escrito: “Quem enche a tua boca de
bens, de sorte que atua mocidade se renova como a águia” (Sl 103.5). As pessoas
que não creem e nem acreditam em Deus têm a sua permissão de usufruir dos seus
bens, nós seus filhos, temos as coisas incluindo o dinheiro como dádiva de sua
mão. Davi reconhecia isto quando disse: “Porque tudo vem de ti, e da tua mão to
damos (I Cr 29.14b)”.
II – A salvação e o desejo de contribuir
A salvação desperta no crente o desejo de participar também da
responsabilidade financeira da obra de Deus. Vemos isso na pessoa de Zaqueu, o
publicano. Logo após ter sido salvo, ele quis dar parte de seus bens aos pobres
(Lc 19.8,9). A mesma graça que opera a salvação na vida do crente (Ef 2.7,8)
também desperta nele a vontade de contribuir (II Co 8.1-5).
III - O que é o dízimo?
1.
Definição: No A.T. encontramos duas palavras que definem o
Dízimo: Asar, que significa “décima parte” (Gn 28.22; Dt 14.22; I Sm 8.15,17);
e a palavra Maaser, que também significa “décima parte” (Gn 14.20; Dt 12.6,11;
Ml 3.8,10). No N.T. existem duas formas verbais e uma nominal: Dekatóo, que
significa “dar a décima parte”, “dizimar” e aparece apenas por duas vezes (Hb
7.6,9); Apodekatóo, que também significa “dar a décima parte”, “dizimar” (Mt
23.23; Lc 11.42; Hb 7.5); e a palavra Dekáte, que significa “décimo” e aparece
apenas em (Hb 7.2,4,8,9). Podemos, então, dizer que a palavra Dízimo significa
“décima parte de uma importância ou quantia”. O Dízimo é uma oferta entregue
voluntariamente à obra de Deus, constituindo-se da décima parte da renda do
adorador: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento
na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos,
se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal
até que não haja lugar suficiente para a recolherdes”. (Ml 3.10). É um ato de
amor e adoração que devotamos àquele que tudo nos concede.
2. O Dízimo não está circunscrito à Lei: Àqueles que alegam ser o dízimo
exclusividade da Lei Mosaica ignoram os seguintes pressupostos
bíblico-teológicos:
a) Abraão entregou os dízimos a Melquisedeque que representava a ordem
sacerdotal de Cristo (Sl 110.4).
b) Melquisedeque representava o próprio Cristo: “Considerai, pois, quão
grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dos despojos”. (Hb
7.4)
c) Na pessoa de Abraão, até Levi,
em quem o dízimo tornou-se ordenança, estava entregando o dízimo ao Senhor
Jesus (tipologicamente representado por Melquisedeque). “E os que dentre os
filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo à lei, de tomar o dízimo
do povo, isto é de seus irmãos” (Hb 7.5). Abraão viveu mais de 500 anos antes
da decretação da Lei, porém adorou a Deus com os seus dízimos (Gn 14.20),
atitude que também foi imitada pelo seu neto Jacó (Gn 28.22).
IV - O que são ofertas?
1. Definição: Diversos termos definem a palavra oferta no A.T. Um dos mais citados é
Terûmãh, e significa “oferta alçada, oferta ou oblação”. Este termo é
encontrado cerca de 70 vezes no A.T. e é encontrado pela primeira vez em (Ex
25.2). Ofertas são doações voluntárias, apresentadas a Deus em agradecimento
pelos imerecidos favores dele recebidos (Ex 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18). No
Antigo Testamento, funcionavam como culto em ação de graças (Lv 5.14).
2. O
contexto de Ml 3.8,10: o texto de Malaquias 3.10 não fala apenas de
dízimos, mas também de ofertas. O crente fiel não se limita apenas a dizimar;
ele também sabe ofertar com liberalidade (Rm 12.8) “Ou o que exorta, use esse
dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com
cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”. A liberalidade em ofertar
parte do pressuposto de honrar ao Senhor em tudo, pois quem oferta a Deus sabe
que mais “bem aventurado é dar do que receber” (At 20.35).
V - A contribuição no modelo da igreja primitiva
1. O NT mostra-nos o modelo apostólico de contribuição, que segue no
quadro demonstrativo:
A contribuição foi ratificada por Cristo: No NT a igreja continua a
praticar a contribuição que foi estabelecida por Deus antes da Lei, pois o
próprio Jesus a ratificou (Mt 23.23) e os apóstolos a ensinaram (II Co 9-6.11;
I Co 9.7-14).
2. A regularidade na contribuição: A igreja primitiva contribuía com
regularidade, “Não com tristeza ou por necessidade” (II Co 9.7). A contribuição
abrange “cada um”: Não somente uma parte da igreja contribuía, porém todos
cooperavam para o progresso da obra de Deus. (I Co 16.2). A contribuição é
voluntária: “Deram voluntariamente” (II Co 8.3). Tudo na obra de Deus é feito
na base da voluntariedade (Fm 14).
3. A contribuição deve ser entregue à igreja: O crente não tem autonomia
para administrar os dízimos e ofertas, pois a Bíblia diz: “Trazei todos os dízimos
à casa do tesouro” (Ml 3.10). A casa de Deus é a igreja (I Tm 3.15) onde estão
aqueles que Deus escolheu para que administrem as finanças. A contribuição visa
a ajuda mútua: A Bíblia fala que os crentes em Jerusalém vendiam suas
propriedades, e punham o valor delas “Aos pés dos apóstolos” (At 4.36,37; 5.1,2).
A contribuição visa o sustento e pecúnio dos obreiros: No modelo
neotestamentário, as contribuições representam a base da obra evangelizadora,
como a subsistência dos que servem à Deus em tempo integral. Deus havia
ordenado: “Aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (I Co 9.14). A
contribuição visa suprir as despesas da obra: O apóstolo Paulo primava pela
contribuição e lisura na administração financeira, para que as necessidades
fossem supridas sem desperdício (II Co 8.13,14 11.9).
VI - Os males do amor ao dinheiro
É evidente que o dinheiro é a causa de muitos males nes mundo, por essa
razão podemos entender até aonde ele pode levar o indivíduo que o ama (I TM
6.10).
1. Leva o homem a esquecer-se de Deus: (Dt 8.11) “Guarda-te que não te
esqueças do SENHOR teu Deus, deixando de guardar os seus mandamentos, e os seus
juízos, e os seus estatutos que hoje te ordeno…”.
2. Faz com que se deixe de confiar em Deus: (Pv 30.9b) “Para que, porventura,
estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o SENHOR.”.
3. Sufoca a Palavra de Deus no coração: (Mc 4.19) “Mas os cuidados deste
mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando,
sufocam a palavra, e fica infrutífera.”.
4. Faz descansar na insegurança das riquezas: (“Pv 23.4-5”) “ Não te
fatigues para enriqueceres; e não apliques nisso a tua sabedoria”. Porventura
fixarás os teus olhos naquilo que não é nada”? porque certamente criará asas e
voará ao céu como a águia.”.
5. Leva ao orgulho: (Pv 28.11) “O homem rico é sábio aos seus próprios
olhos, mas o pobre que é entendido, o examina.”.
6. Leva à ganância: (Pv 5.10) “Para que não farte a estranhos o teu
esforço, e todo o fruto do teu trabalho vá parar em casa alheia;”.
VII - Bênçãos advindas da fidelidade em dizimar e ofertar
1. O devorador é repreendido: “E por causa de vós repreenderei o
devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no
campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos”. (Ml 3.11). O devorador
pode ser várias circunstâncias adversativas, que acometem os infiéis no dízimo,
mas, para o fiel há livramento.
2. O testemunho das nações: “Todas as nações vos chamarão felizes,
porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 3.12).
Este texto ensina que a fidelidade no dízimo traz ao crente um elevado conceito
por parte de todos.
3. Vitória sobre a avareza:
“Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é
idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5.5). A atitude correta
em relação ao dízimo permite ao crente vencer sentimentos negativos como a
avareza e o egoísmo.
4. Disposição de Deus em nosso
favor: “Tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos”
(Ml 3.7). Nossa atitude de voltar-se para Deus permite que Ele se volte para
nós. Isto nos mostra que o tema dos dízimos e das ofertas faz parte do elenco
das grandes virtudes cristãs.
De acordo com estas verdades, concluímos que
os Dízimos e as Ofertas fazem parte de um sublime propósito, que é segundo a
sabedoria de Deus. Estas contribuições põem o multimilionário e a pessoa mais
pobre da igreja em pé de igualdade diante de Deus. Entregando os Dízimos e as
Ofertas da sua renda, ambos estão dando a mesma coisa e receberão recompensa,
não pela quantia que ofertaram, mas pela fidelidade em obedecer a Deus.
Deus te abençoe.
BIBLIOGRAFIA:
As Grandes Doutrinas da Bíblia - Raimundo de Oliveira (CPAD) / Lições
Bíblicas (CPAD)
Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer (CPAD) / Bíblia de
Referência Thompsom (VIDA)
Teologia Sistemática - Eurico Bergsten (CPAD) / Dicionário Teológico -
Claudionor Correia de Andrade (CPAD)
Pr. Elis Clementino
Nenhum comentário:
Postar um comentário