ESBOÇO 1303 FIDELIDADE X CONIVÊNCIA.

ESBOÇO 1303 *
TEMA: FIDELIDADE X CONIVÊNCIA.
TEXTO: I CORÍNTIOS 4:2; I TIMÓTEO 5:22.
Autor: Pr. Elis Clementino.
 
Introdução:
A fidelidade é uma virtude cristã essencial, que deve ser cultivada em todas as áreas de nossa vida. No entanto, a fidelidade verdadeira não é simplesmente uma lealdade cega ou uma conformidade passiva diante de qualquer situação. Em muitos momentos, ela exige discernimento, coragem e, acima de tudo, compromisso com a justiça. O que ocorre, muitas vezes, é que a lealdade, quando mal orientada, pode se transformar em conivência com o erro, e isso é um risco real, especialmente no contexto da liderança cristã. A Bíblia nos ensina que a fidelidade a Deus e aos outros deve ser pautada pela verdade e pela justiça. Um exemplo clássico disso é o confronto do profeta Natã com o rei Davi. Mesmo sendo um servo fiel, Natã não hesitou em confrontar o pecado de Davi, fazendo-o enxergar sua falha e levando-o ao arrependimento. Esse episódio nos desafia a entender que a verdadeira fidelidade não é omitir ou compactuar com o pecado, mas, sim, buscar restaurar e corrigir com amor e sabedoria. Neste esboço, vamos explorar como a fidelidade e a conivência são conceitos distintos e como podemos, como líderes e servos de Cristo, aplicar discernimento para manter nossa fidelidade sem cair na armadilha da conivência.
 
I. Conciliando os textos.
Os textos escolhidos 1 Coríntios 4:2 e 1 Timóteo 5:22 destacam a importância da fidelidade e da prudência no exercício de responsabilidades espirituais. O primeiro fala da necessidade de fidelidade no serviço ao Senhor, enquanto o segundo versículo Paulo adverte a Timóteo para que não se precipite ao delegar responsabilidades, principalmente sobre a imposição de mãos, para que posteriormente não se envolvam e sejam coniventes com os pecados alheios.
 
II. O que é a prudência?
ü  A prudência é a virtude que nos faz prever insatisfação e as consequências das nossas ações. Este assunto é muito delicado e requer muito cuidado ao ser ministrado, porque nele eu abordo a fidelidade na liderança cristã, pois não sabemos qual será a reação se for interpretado de maneira pejorativa por alguns líderes. Portanto, é fundamental a cautela, considerando o tempo e o modo (Eclesiastes 3:7). Eles são essenciais para uma abordagem sobre o assunto.
     o   Aconselho que os obreiros mais novos sejam cautelosos, evitando conflito ao expor determinados assuntos, não sendo ainda o tempo, evitando certos julgamentos. Ouvir é agir com prudência. O que você não pode falar hoje, certamente poderá no futuro, quando é considerada a idoneidade.
     o   A sabedoria e a prudência são necessárias para a vida cristã, principalmente no convívio cristão, elas devem ser buscadas por meio da oração (Tiago 1:5). Se houver alguma dúvida em alguma situação, sempre é bom consultar o seu mentor.
 
III. O que é fidelidade?
ü  Existem alguns sinônimos de fidelidade, como constância e lealdade. Essas qualidades podem ser encontradas em diferentes pessoas, sejam elas líderes ou subordinados, e em várias camadas da sociedade.
     o   Exemplo: os mordomos ou administradores de bens dos seus senhores, ou dispenseiros, se achem fiéis (I Coríntios 4:2). Nada isenta um servo da sua prestação de contas (Mateus 18:23-35), da mesma forma acontecem aos líderes, principalmente espirituais “Senhores, tratem os seus servos com justiça e com equidade, sabendo que também vocês têm um Senhor no céu." (Colossenses 4:1). Considerando a atualidade, parece que esse ensino de Paulo envelheceu, nos dá a entender que parece não haver mais Senhor no céu para certos líderes.
     o   Até onde deve ir à fidelidade de um servo?
Todas as ações humanas têm seus limites; esse é o marco que indica até onde ele pode ir com a sua fidelidade na qualidade de servo. A relação de confiança deve existir até que não haja um motivo para a quebra dessa relação (Amós 3:3; Provérbios 25:19; Lucas 16:10; Eclesiastes 4:9-10; Mateus 18:15). Esses versículos refletem a importância da confiança e os limites que podem levar à quebra de um relacionamento. A fidelidade sempre foi cobrada pelos líderes. Os escribas e fariseus exigiam dos outros, mas não praticavam (Mateus 23:23); portanto, os que pregam a justiça e a verdade devem ser exemplos. É de infinita importância considerar a menor imperfeição em si do que ver dez mil defeitos graves nos outros. “Tem cuidado de ti mesmo” (1 Timóteo 4:16; Gálatas 6:1). A nossa conduta pessoal pode ter impacto negativo ou positivo nas outras pessoas, principalmente no líder.
 
IV. O que é ser conivente?
É ser cúmplice ou concordar com um ato praticado por alguém, principalmente quando não se faz algo para evitar um ato ilegal de um companheiro ou liderança. Quando a pessoa está ligada a este ou aquele que praticou um ato ilegal ou criminoso, expressa a sua cumplicidade: “E não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, reprovai-as.” (Efésios 5:11). Na atualidade, muitos servos se tornaram cúmplices pelos favores pessoais; isso é muito ruim para a saúde espiritual da igreja. Aconselho que os líderes sejam comedidos em suas ações para que a igreja não seja envergonhada. Mas também exorto para que ninguém ponha as mãos precipitadamente, acusando como muitos fazem, expondo nas redes sociais sem comprovação, e mesmo que comprove os fatos, isso é perigoso, porque vem o escândalo. “Não imponhas as mãos, precipitadamente, sobre alguém, nem participes dos pecados dos outros; conserva-te, pois, em pureza de vida” (I Timóteo 5:22).
 
Aplicação para o exercício da liderança:
Prudência, peça a Deus discernimento, principalmente nas decisões difíceis, consulte a palavra de Deus.
Quando corrigir, verifique o momento apropriado, evite impulsividade nas palavras, que elas sejam temperadas com sal (Colossenses 4:6).
Seja transparente, não somente em relação à comunicação, mas na administração. Corrija seus próprios erros quando necessário.
 
V. Exemplo de fidelidade na liderança espiritual.
Deus requer dos seus dispenseiros que se ache fiel. “Além disso, requer-se dos dispenseiros que cada um deles seja encontrado fiel.” (1 Coríntios 4:2). Paulo destaca a importância da fidelidade como uma qualidade essencial para aqueles que têm a responsabilidade de administrar o que lhes foi confiado. Um gestor deve passar confiança aos servos por meio da sua vida exemplar, principalmente em relação à sua integridade. Quando fechamos os olhos ou apoiamos algo errado de alguém, nos tornamos cúmplices e, consequentemente, escravos, e, para que isso não aconteça, muitos servos têm se afastado dos seus senhores. (A fidelidade é o ponto de partida para se obter sucesso ministerial) - Paulo mostra ao jovem Timóteo o padrão para esse sucesso (1 Timóteo 4:12). O testemunho e vida de Paulo foi e continua sendo um espelho para os novos obreiros (Atos 20:18). As divergências entre líderes e servos fazem parte do contexto da liderança, isso é normal, porém discordar não significa quebra de fidelidade, porém muitos líderes não entendem assim, ou seja, você só será fiel se concordar com tudo que o líder fizer.
 
Conclusão:
Portanto, tanto na qualidade de líder quanto de servo, ambos têm responsabilidade. Um servo será honrado quando desempenha a sua função com dignidade e colabora em prol da causa, porém ele não é obrigado a compartilhar das injustiças praticadas pelo seu líder. A fidelidade tem limite, ou seja, até quando eu devo ser fiel à minha liderança? Eu digo o seguinte: até enquanto ele praticar a justiça, porém, caso esse líder prevarique, não demonstre apoio, embora haja consequências por reprovar algum ato ilícito do seu líder, isso pode resultar em separação, mas não se constitui infidelidade, assim você não se torna cúmplice. O líder espiritual tem uma responsabilidade que vai muito além da administração de uma empresa, isso porque está inserido na sua administração o destino espiritual daqueles que são liderados por ele (Hebreus 13:17; I Pedro 4:5).

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