ESBOÇO 1522 ASSUNTO: A SALA DA ÚLTIMA PASCOA.

 

ESBOÇO 1522
ASSUNTO: A SALA DA ÚLTIMA PASCOA.
TEXTO: LUCAS 22: 7-23; MATEUS 26:17-30 - Santa Ceia.
Autor: Pr. Elis Clementino
 
Introdução:
Chegamos ao momento mais íntimo e significativo do ministério terreno de Jesus — a última Páscoa. Ali, em uma sala simples, o Mestre revelou segredos eternos, anunciou sua entrega e instituiu um memorial que atravessaria séculos: a Ceia do Senhor. Vamos hoje entrar espiritualmente naquela sala e aprender com o Mestre à mesa.
 
I. Contexto Histórico.
Era o primeiro dia da festa dos Pães Asmos, uma celebração judaica que marcava a libertação do povo hebreu do Egito e durava sete dias. Nesse período, o fermento era retirado das casas como símbolo de pureza e consagração.
 
Chegado o dia em que se devia celebrar a Páscoa, Jesus chamou Pedro e João e lhes disse: “Ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos.” Eles então perguntaram: “Onde queres que a preparemos?”
 
Naquele momento, o povo de Israel recordava o livramento do passado — a noite em que o sangue do cordeiro poupou os primogênitos da morte. Mas agora, diante dos discípulos, estava o verdadeiro Cordeiro de Deus, prestes a ser imolado para a redenção de toda a humanidade. Assim como o sangue do cordeiro livrou Israel no Egito, o sangue de Cristo libertaria o mundo do poder do pecado.
 
II. Atributo Divino.
Neste episódio, podemos contemplar a manifestação de um dos gloriosos atributos de Cristo: a Sua onisciência. Mesmo às vésperas da cruz, Jesus demonstrava domínio total sobre todas as circunstâncias. Ele sabia o que estava por vir, quem participaria de cada detalhe e onde tudo aconteceria. Nada escapava ao Seu controle — mesmo indo ao encontro da dor, Ele continuava sendo o Senhor dos acontecimentos.

Sua onisciência é revelada claramente quando instrui Pedro e João, dizendo: “Quando entrarem na cidade, encontrarão um homem carregando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar.” (Lucas 22:10). Esse detalhe é notável, pois não era comum um homem carregar um cântaro de água, uma tarefa geralmente realizada pelas mulheres. Aquele homem anônimo foi um sinal profético dentro do plano divino — um instrumento de Deus para conduzir os discípulos até o lugar preparado.

Jesus já havia visto tudo: o homem, a casa e até o cenáculo mobiliado. Cada detalhe foi exatamente como Ele dissera, provando que nada acontece por acaso quando o Senhor está à frente.
Assim, vemos que a preparação da Páscoa não foi apenas um ato histórico, mas uma demonstração viva da soberania de Cristo, que tudo conhece e tudo dirige conforme o propósito do Pai.

III. Jesus à mesa com seus discípulos.
Chegado o momento da celebração, Jesus se assenta à mesa com os doze discípulos. Era uma cena simples, mas carregada de significado eterno. Ali não estava apenas um Mestre com seus alunos, mas o Cordeiro de Deus prestes a entregar-se pela salvação do mundo.
 
Ao partir o pão e tomar o cálice, Ele declara: “Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça” (Lucas 22:15). Essas palavras revelam a ternura e o propósito do coração de Cristo. Ele ansiava por aquele momento, porque sabia que aquele jantar marcaria a transição entre a antiga aliança e a nova, firmada em Seu sangue.
 
Jesus também lhes disse: “Não a comerei mais, até que se cumpra no Reino de Deus.” (Lucas 22:16). Essa declaração aponta para o futuro, quando todos os remidos participarão da ceia eterna com o Cordeiro no Reino Celestial.
 
Naquela mesa, havia tristeza e esperança, despedida e promessa. Enquanto o sofrimento se aproximava, Jesus plantava nos corações dos discípulos a semente da esperança futura — a certeza de que o banquete não terminaria ali, mas se completaria na eternidade.
 
Aqui aprendemos que a mesa do Senhor não é apenas um lugar de comunhão, mas também de expectativa. Cada vez que participamos da Ceia, lembramos o sacrifício do passado e renovamos a esperança do futuro, quando estaremos com Ele face a face, sem dor, sem lágrimas e sem pecado.
 
IV. A instituição da Ceia.
Naquela noite memorável, Jesus instituiu um novo memorial para o Seu povo, a Ceia do Senhor. A antiga Páscoa, que recordava a libertação do Egito, dava agora lugar a um novo significado, centrado na Sua própria pessoa. Tomando o pão, Ele deu graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.” (Lucas 22:19). Depois tomou o cálice e declarou: “Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lucas 22:20).
 
A Ceia, portanto, é um memorial sagrado — não apenas um rito simbólico, mas uma recordação viva do sacrifício de Cristo. O pão representa o Seu corpo entregue por nós; o vinho, o Seu sangue derramado para remissão dos pecados.
Na antiga aliança, um cordeiro era morto a cada Páscoa; mas na nova aliança, o verdadeiro Cordeiro foi imolado de uma vez por todas (1 Coríntios 5:7; Hebreus 10:10). Agora, cada vez que participamos da Ceia, proclamamos a morte do Senhor até que Ele venha (1 Coríntios 11:26).
Assim, a Ceia do Senhor aponta em três direções:
ü  Para o passado, lembrando o sacrifício da cruz.
ü  Para o presente, renovando nossa comunhão com Cristo e com os irmãos.
ü  Para o futuro, alimentando nossa esperança na vinda do Senhor.
 
Participar da Ceia é, portanto, um ato de fé, gratidão e esperança. É olhar para o Calvário com reverência, e para o céu com expectativa — porque o mesmo Jesus que partiu o pão voltará para buscar os que comeram dele em comunhão com Ele.
 
V. O modo de Cear.
A Ceia do Senhor é um ato santo e solene. Não deve ser praticada de forma leviana, mas com reverência e discernimento espiritual. O apóstolo Paulo advertiu a igreja de Corinto porque haviam perdido o verdadeiro sentido desse memorial, transformando-o em um momento de desordem e egoísmo (1 Coríntios 11:17–34).
 
Aqueles irmãos comiam e bebiam sem discernir o corpo do Senhor. Alguns se embriagavam, outros comiam demais, e cada um pensava apenas em si. Com isso, o que deveria ser um tempo de comunhão e lembrança se tornou motivo de juízo. Paulo então os exorta dizendo: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.” (1 Coríntios 11:28)
 
Participar da Ceia é um privilégio, mas também uma grande responsabilidade. Devemos nos aproximar da mesa do Senhor com o coração quebrantado, reconhecendo o preço do sacrifício que foi feito por nós.
 
Para que o crente participe dignamente, é necessário:
ü  Sentimento de arrependimento e gratidão, lembrando o cálice de dor que Cristo bebeu na cruz por nossos pecados.
ü  Discernimento espiritual, compreendendo que aquele sofrimento foi por amor a nós (Isaías 53:1–12).
ü  Autoexame sincero, para não sermos condenados com o mundo, mas purificados pelo sangue do Cordeiro.

Quando a igreja celebra a Ceia com entendimento e reverência, a presença de Cristo é percebida, o corpo é fortalecido e a comunhão é renovada. A mesa do Senhor não é lugar de distração, mas de adoração; não é um costume religioso, mas um encontro com o Salvador que vive.
 
Conclusão:
Amados, a Ceia do Senhor não é apenas um costume da igreja — é um memorial vivo e santo. Cada vez que nos assentamos à mesa, somos convidados a recordar o preço do nosso resgate, a examinar nosso coração e a renovar nossa comunhão com Cristo e com o corpo da fé.
 
Pedro e João obedeceram à voz do Mestre e seguiram o homem que carregava um cântaro. Guiados pela palavra de Jesus, encontraram o lugar preparado para celebrar a Páscoa. Da mesma forma, o Espírito Santo é hoje o “homem do cântaro” — aquele que nos conduz até o cenáculo espiritual, onde encontramos comunhão e preparação para o encontro com o Senhor.
 
O cenáculo de Jerusalém era apenas uma figura do grande banquete que nos aguarda no Reino de Deus. Lá, não haverá mais dor, nem lágrimas, nem necessidade de autoexame, pois estaremos diante do Cordeiro, completamente transformados pela Sua graça.
 
Que cada um de nós participe da Ceia com temor, fé e gratidão, sabendo que o pão e o cálice apontam para o amor que nos alcançou na cruz e para a esperança da glória futura.
“Bem-aventurados os que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Apocalipse 19:9).

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