ESBOÇO 820
TEMA: OS DOIS EXTREMOS
TEXTO: “Não sejais demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; porque te
destruirias a ti mesmo?” Eclésiastes 7:16
Esse
versículo parece um pouco estranho em relação a outros textos da Bíblia que
falam sobre a prática da justiça, será que houve contradição entre o que o que
está escrito em (Ec 7:16) e o que Paulo falou sobre ser justo, e o Jesus falou?
Estranho não é? Será que existe algum limites para a prática da justiça? Vamos
então, no meu conceito tudo em demasia não é bom, sentir-se justo acima dos
outros pode ser um extremo perigoso, não nos compete questionar se somos mais justos
que os outros ou não, as pessoas deverão dar testemunho da nossa vida justiça
(Fp 1:27; 2:15,16), e jamais se sentir injustiçado por Deus.
A justiça e a santidade
A pratica a justiça e da
santidade são mandamentos divinos, e recomendados a todos os homens, ser justo
e santo, principalmente para aqueles que abandonaram o pecado e decidiram ter
uma vida devocional com Deus (I Pe 1:15,16). O apóstolo Paulo enfatizou que os
crentes seguissem a justiça (I Tm 6:11), e também afirmou que os crentes serem
cheios do fruto da justiça (Fp 1:11), o que podemos observar que ele não
apresentou nenhum limite quanto a prática da justiça, mas que devemos oferecer
os nossos membros a Deus como instrumento de justiça (Rm6:13), e que devíamos
ser escravos da justiças (Rm 6:18). Em nenhum momento Paulo se referiu ao que
diz no livro que alguns rabinos atribuem a Salomão (Ec 7:16). Jesus também
instruiu aos discípulos que deveriam renunciar tudo (Lc 14:26,33), mas amá-lo acima de tudo, essa era, e é as condições impostas por ele para quem
deseja segui-lo. O justo é aquele que
pratica a justiça divina, o santo é aquele que faz parte da santidade divina.
Ser justo não nos isenta dos
sofrimentos
A prática da justiça não nos
isenta dos sofrimentos, embora o limite de ser justo e santo é inegociável,
Salomão não está se referindo sobre a intensidade com que se pratica a justiça,
também não se relaciona ao indivíduo exigir de si mesmo uma conduta justa e
reta (Ec 12:13,14). Não pense que a pessoa justa é aquele que exige justiça de
si mesma, mas aquele que exige ser tratado conforme a sua própria justiça. É um
exagero a pessoa exigir ser tratada segundo a sua justiça, Jó era um homem
justo, no entanto deixou claro que sendo ele justo estava sendo injustiçado,
Deus não estava levando isso em consideração, ou pensar que era mais justo do
que Deus “Se tão-somente eu soubesse onde
encontrá-lo e ir à sua habitação” (Jó 23:3), no contexto se percebe,
principalmente no verso anterior ao (Ec 7:16) o escritor apresenta que o justo
sofre, mesmo praticando a justiça, o ímpio prospera mesmo na prática da sua
impiedade, essa é uma realidade que deve ser levada em consideração, por isso
não devemos nos sentir injustiçado, pois isso nos destruirá “Há mais uma coisa sem sentido na terra:
justo que recebem o que os ímpios merecem, e ímpios que recebem o que os justos
merecem.” (Ec 8:14), o justo não deve se sentir injustiçados por isso,
ainda mais “...O que acontece com o homem
bom, acontece com o pecador; o que acontece com quem faz juramentos, acontece
com quem teme fazê-lo” (Ec 9:2b).
Deus deu testemunho de Jó
dizendo que ele era reto (Jó 1:8), observe que ele mais adiante questionava a
Deus, ele exigia que Deus o tratasse segundo a sua própria justiça, ou seja,
sendo eu justo porque me faz sofrer? “Bem
sabes tu que eu não sou culpado; todavia, ninguém há que me livre da tua mão”
(Jó 10:7); veja ainda: “Quantas culpas e
pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado. Por que
escondes o rosto e me tens por teu inimigo?” (Jó 13:23,24). “Tão certo como
vive o Deus, que me tirou o meu direito, e o Todo Poderoso, que me amagou a
minha alma, enquanto em mim estiver a vida, e o sopro de Deus nos meus narizes,
nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano....A
minha justiça me apagarei e não a largarei; não me reprove a minha consciência
por qualquer dia da minha vida” (Jó 27:2-6); Tomara eu tivesse quem me ouvisse!
Eis aqui a minha defesa assinada! Que o Todo-Poderoso me responda! Que o meu
adversário escreva a sua acusação” (Jó 31:35).
Devemos ter muito cuidado para não pensarmos que em
alguns momentos Deus está sendo injusto, muitas vezes queremos que Deus nos
trate conforme a nossa vida de justiça, exigimos muitas vezes que Deus nos
retribua segundo a nossa justiça. Não devemos ser demasiadamente justo. Não
devemos questionar a Deus pelo que ele fez ou deixou de fazer. O demasiadamente
justo não entende os propósitos de Deus, e nem aceita o seu querer, isso é
perigoso porque o indivíduo pode até blasfemar contra Deus, o homem não
compreende aquilo que Deus faz (Ec 11:5; Is 55:9). Jamais pense que a sua vida
santa lhe isentará dos problemas que enfrentas aqui, lembre-se do que disse
Jesus aos seus discípulos “No mundo
tereis aflições, mas tende bom ânimo” (Jo 16:33). Há muitos ensinamentos
que contrariam as escrituras sagradas, tenha cuidado Deus não está obrigado a
atender as nossas exigências.
Pr Elis Clementino
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